Onde os outros só enxergaram lixo, ele enxergou pessoas.
Vik Muniz é artista plástico, fotógrafo e desenhista.Começou a trabalhar com arte fazendo esculturas e logo após incorporou a fotografia em seus trabalhos, sempre registrando tudo.
Boa parte de suas obras são desenhos criados com materiais diversos como arame, açúcar, chocolate, doce de leite, catchup, poeira e sucata. Suas obras são de encher os olhos, porque ele cria a partir de elementos do cotidiano de todos nós.
Em 2010/2011, foi criado um documentário, onde Lucy Walker iniciou o projeto de mostrar o trabalho de Vik Muniz, o bem-sucedido artista plástico paulistano radicado nos Estados Unidos. Ao longo de dois anos, Muniz e sua equipe miraram o foco nas desumanas jornadas dos catadores de material reciclável do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Trata-se do maior aterro sanitário da América Latina, responsável por receber 70% dos dejetos da capital fluminense. A tarefa do artista consistia em usas em suas espetaculares obras o que era descartado por catadores, contando com o auxílio de alguns trabalhadores do lixão. Do convívio nasceu a proximidade, sobretudo com o líder sindical Sebastião Carlos dos Santos, mais conhecido por Tião e retratado em pose igual à do quadro A Morte de Marat de 1973, do francës Jacques-Louis David.
Devido aos rumos imprevistos das filmagens, "Lixo Extraordinário" pode parecer sem norte. A fita, contudo, funciona bem ao revelar o passo a passo do curioso processo de criação de Vik Muniz, além de ser um caloroso registro de desvalidos em busca de oportunidades na vida. Há, sim, um certo pendor ao paternalismo, mas nada que estremeça a análise da transformação do descartável em arte, do lixo em luxo.
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